quinta-feira, 7 de abril de 2011

MIOSTATINA


 

 

 

No ano de 1997, noticiários internacionais divulgados no mês de maio, emitiram informações sobre novas descobertas no campo da genética, ligadas ao desenvolvimento muscular. Os cientistas Se-Jin Lee, Alexandra McPherson e Ann Lawer, biólogos moleculares da Universidade John Hopkins, conseguiram criar um superrato, com até três vezes mais músculos que o normal, com costas e quadris mais largos. Com a eliminação de um só gene (que limita o crescimento muscular), foi possível a "fabricação" de verdadeiros gigantes, um pouco estranhos, porém extremamente dóceis, segundo relatos iniciais.

Os pesquisadores descobriram que a musculatura esquelética é originada por meio de uma complexa cadeia de regulação gênica chamada miogênese, na qual células dos somitos sofrem determinação e diferenciação, formando fibras musculares. Durante a miogênese, genes específicos são ativados, sendo expressos em local e tempo determinados. Dentre estes genes estão os fatores reguladores da miogênese (MFRs) da família MyoD, composta pelos genes MioD, Myf 5, miogenina e MFR4, e ainda os fatores trans-formantes de crescimento beta (TGFb), sendo a MIOSTATINA (GDF-8) um deles. A miostatina age como regulador negativo no desenvolvimento da musculatura esquelética, bloqueando a ação dos MFRs. Os animais com a aparência de musculatura dupla apresentam mutações neste gene, gerando transcritos alternativos, que favorecem o desenvolvimento da musculatura esquelética.
Todos os trabalhos publicados sobre a miostatina são relacionados à Agropecuária, Zootecnia e Veterinária, sendo que alguns versam sobre a criação de aves de corte (como por exemplo frangos), criação de peixes, criação de carneiros e (a grande maioria) sobre gado de corte.
Um trabalho recente, realizado por cientistas do Laboratório de Genética Molecular da Faculdade de Veterinária de Madrid, estudou a Hipertrofia Muscular Hereditária, que é unia síndrome encontrada nas espécies murina (ratos) e bovina. Macroscopicamente, são animaiscom um incremento generalizado da massa muscular. Em nível microscópico, o tecido muscular destes animais se caracteriza por um aumento no número, e não no volume, das fibras musculares, fenômeno conhecido como hiperplasia muscular; paralelamente a essa maior densidade muscular, ocorre um decréscimo concomitante de tecido conjuntivo e, sobretudo, de tecido gorduroso.
No gado bovino, este fenômeno foi descrito em diversas raças européias, tanto espanholas (Asturiana dos ('ales, Pirenaica) como belgas (Branco Azul), italianas (Piemontesa, Marchigiana) ou francesa (Charolês, Limousine).
O gene da Miostatina ou GDF-8 é constituído por três exons e dois intrans. A proteína que codifica, enquadrada na superfamília dos TGFbs, atua como REGULADOR EXTRACELULAR NEGATIVO do crescimento muscular. Foi demonstrado que as mutações que dão lugar a unia miostatina inativa são as responsáveis pelo crescimento muscular exagerado que caracteriza esta síndrome.
A miostatina atua em forma de homo-dímeros, ou seja, duas moléculas idênticas unidas entre si por unia ponte disulfuro. Os dímeros se unem ao receptor específico de membrana e desencadeiam a cascata de reações intracelulares por meio das quais se controla o desenvolvimento e crescimento muscular. Quando esta interação não se concretiza (quando, por exemplo, são produzidas miostatinas truncadas ou defeituosas), aparecem indivíduos portadores de hipertrofia muscular; tal fato é transmitido geneticamente, por mutações. Todas as mutações descritas até o momento sobre a miostatina bovina são recessivas e, por isso, só os homozigotos mutantes manifestam a hipertrofia muscular. Há também estudos demonstrando a possibilidade de alelos negativos dominantes ou com dominância parcial.
Realmente, todos estes termos são de difícil compreensão para os leitores em geral, pelo menos por enquanto, porém acredito que futuramente esta linguagem técnica e científica será facilmente compreendida por atletas e praticantes de musculação, pois fazem parte de um grupo de pessoas com sede de informação e adeptos da leitura.
Atualmente, estas pesquisas estão direcionadas ao aperfeiçoamento da agropecuária, no aprimoramento de raças de gado bovino para corte, e já há trabalhos direcionados à piscicultura (criação de peixes), todos visando o aumento da produção de carne, que é tecido muscular.
Fica aqui uma idéia, que por enquanto ainda é ficção: a manipulação genética de seres humanos buscando aumento de massa muscular, ou a síntese de substâncias farmacológicas capazes de bloquear a ação da miostatina. (Talvez - e aqui estamos viajando no terreno da especulação - já estejam sendo realizadas pesquisas voltadas para esse lado, tentando substituir os esteróides anabolizantes por outros artifícios).
 
FONTE: Revista da Musculação e Fitness 

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